27.9.11

Destaque do Mês: Leituras e a Idade Média



A Biblioteca Escolar apresenta como destaque do mês "Leituras e a Idade Média". Podem encontrar várias enciclopédias sobre a vida na época medieval, publicações da autarquia de Castro Marim e o mais recente livro de António Salvador, que conta a história do concelho em verso, com ilustrações dos alunos do 1ºCiclo.



Os próximos destaques serão sobre Lendas e Fábulas (15 outubro - 15 novembro) e Leituras de Natal (15 novembro - 15 de dezembro).

25.9.11

Alunos do 5º ano na Biblioteca Escolar





Os alunos do 5º ano ficaram a conhecer a biblioteca da E.B. 2,3 de Castro Marim. Primeiro, participaram no escola paper, que dá a conhecer toda a escola e que tem uma paragem na biblioteca. Depois, com professores dos conselhos de turma visitaram a biblioteca, receberam os cartões da BE e os guiões de funcionamento. Um bom ano para todos!

23.9.11

Jornadas Europeias do Património

Património: Jornadas Europeias começam hoje

«Património e Paisagem Urbana» é o mote para 590 iniciativas e 250 visitas guiadas que decorrem em todo do país a partir de hoje e até domingo, no âmbito das Jornadas Europeias do Património.
O Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR) que coordena a programação, afirma que o mote escolhido pretende «sensibilizar os cidadãos para a necessidade de proteger e valorizar as características da paisagem nas cidades, vilas e aglomerados urbanos, entendida no seu sentido mais amplo».

Campo Desportivo 2011





Imagens do Campo Desportivo de S. Bartolomé de la Torre (Espanha).

Inês Pedrosa vence Prémio Máxima



Pedrosa vence Prémio Máxima da Literatura com «Os Íntimos»

Inês Pedrosa, directora da Casa Fernando Pessoa, foi a grande vencedora do Prémio Máxima de Literatura, no valor de quatro mil euros, com «Os Íntimos», editado pela Dom Quixote. A autora já ganhou este prémio em 1998, com «Nas Tuas Mãos».

15.9.11

A fada Beringela | António Torrado


Era uma vez um rei e uma rainha muito pobres. Tinham um filho, que, como é óbvio, era príncipe. Viviam numa casa arruinada, a que chamavam palácio, e nas suas viagens através do reino, que já não lhes pertencia, deslocavam-se numa moto mal enjorcada. O rei pegava no guiador só com uma mão, porque a outra a levava a agarrar a coroa, sempre ameaçada de cair com a deslocação do ar. A rainha arregaçava o manto debruado a arminho e pele de coelho e encavalitava-se atrás do seu real esposo. Quanto ao príncipe, muito esguio e alto, mal cabia no "side-car", que é, como nem todos sabem, o nome que se dá à barquinha atrelada a um dos lados de uma moto. Chamavam àquele bizarro meio de transporte o "coche real" e assim viviam contentes.
De uma vez que seguiam pela estrada, a serem ultrapassados constantemente por camionetas, que não respeitavam a prioridade da família real, tiveram um furo. Assim sucedia muitas vezes e, de todas as vezes que isso sucedia, a família real apelava para as maravilhosas virtudes da fada Beringela. Gritavam os três em coro as palavras mágicas:
- Querida fada Beringela, que é tão bela, tão singela, não há fada como ela.
Vinha a fada Beringela dizendo-se muito atarefada, muito atrasada nas suas lides de fada e, protestando sempre contra esta descuidada família real que não sabia onde punha os pés, isto é, os pneus, lá lhe consertava o furo. Depois cavalgava num foguete. Fuunh! E ia-se embora sem se voltar para trás a dizer adeus.
Esta fada Beringela, por contrato com os antepassados do rei Vilandino III, assim se chamava o rei da moto, ficara com a incumbência de prestar pequenos serviços, pequenas mágicas, à dinastia real. Coisas de pouca monta: uma chave que se perdia, um velho prato em cacos, uma melga maçadora.
Vinha a fada Beringela: "Zebelim-perlim-limpim" e aparecia a chave, colavam-se os cacos, desaparecia a melga. Se lhe pedissem a chave de um tesouro, um palácio novinho em folha de prata ou a má sorte importuna afastada de vez, a fada Beringela respondia que não tinha arte nem façanha para tais alturas e encolhia os ombros:
- Conformem-se com o que há - dizia ela.
E a família real não tinha outro remédio...
Mas coisa de furos estava na sua especialidade. Só havia um problema, que era este: a fada Beringela, para não ser constantemente importunada, impusera um limite aos seus serviços, um limite anual de cinquenta chamadas por ano, nem mais uma. Acima de cinquenta chamadas por ano a fada já não atendia. Grande berbicacho!
Vocês estão já a ver que a família real, embalada neste hábito de chamar pela fada dos bons serviços por qualquer insignificância, se esquecia de contar as vezes que ela vinha em seu auxílio. Quando davam que só faltava meia dúzia de chamadas para completar as cinquenta, então é que deitavam as mãos à cabeça.
Foi o que sucedeu desta vez. Estavam em Setembro e já tinham pedido a presença da fada 49 vezes. Que fazer para a poupar, tendo ali a malfadada da moto emperrada, na berma do caminho? Chama-se, não se chama, desta arranjamos nós ou vamos o resto do caminho a pé... Em semelhante discussão a família real perdia a compostura.
- Desta feita não se chama a fada, porque o príncipe arranja o furo - dizia o rei.
- Eu acho que a fada podia vir ajudar-me... - sugeriu o príncipe.
- O que tu queres é cruzar os braços e não trabalhar - concluía a rainha.
O príncipe, abespinhado, respondeu de pronto à laia de pergunta:
- Que tenho eu aprendido convosco, Reais Pais?
Um moço, que andava aos figos, empoleirado numa ramada de figueira sobre a estrada, e que tudo tinha ouvido, comentou assim, em versos de pé-coxinho:
- Que família de ralaços que madraços mais caretas!

Rei, rainha e "reineta",
Três paspalhos dos autênticos

Valem em moedas pretas
Pouco mais de vinte cêntimos.

A família embatucou. O príncipe, mais do que todos, sentiu a afronta do termo "reineta" cair-lhe sobre a cabeça, como uma maçã do mesmo nome. Talvez por isso fosse ele o primeiro a mexer na caixa de ferramentas. Logo o rei pegou numa chave-inglesa, enquanto a mãe descalçava as luvas de seda a que faltavam dois dedos.
E, num instante, substituíram a roda.
Vocês querem crer que, de aí em diante, nunca mais a fada Beringela foi incomodada?
Claro que a fada, vendo que os seus préstimos já de nada valiam, emigrou, como as suas companheiras, para dentro de um livro muito antigo, mas, antes de desaparecer de vez, ofereceu à família real um unguento mágico, infalível tratamento para todas as feridas. Chama-se, se me não engano, tintura de iodo, ou coisa parecida...